A transformação digital não tem nada a ver com tecnologia!


Março 2023

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“Digital transformation is not about technology at all. It's about people.” Josh Bersin

A transformação digital não tem nada a ver com tecnologia. Trata-se de pessoas.

Encontramo-nos no período da 4ª revolução industrial, a revolução da transformação digital, da internet das coisas e do sistema cyberfísico. No início do século XVIII, através de von Leibniz e da “Explication de l'Arithmétique Binaire”, surgem os primórdios do sistema numérico de base 2, que só dois séculos depois é concluído. Através dos princípios deste sistema começam a surgir os primeiros computadores, que têm um impacto na sociedade de escala mundial, no final do século XX e início do presente milénio, principalmente com a criação da internet e da World Wide Web.

Este impacto deve-se ao enorme potencial revolucionário que estas tecnologias apresentam, como por exemplo, uma melhor troca e processamento de informações ou a aquisição de novos dados e indicadores. Mas o acesso a estes novos benefícios e informações, faz com que alguns problemas de adaptação surjam, tanto a nível individual bem como ao nível organizacional, existindo casos no passado que demonstram a vantagem de se ter a capacidade de adaptação a estes novos benefícios e revoluções.

Mark Twain elucida-nos em “O solilóquio do Rei Leopoldo”, da incapacidade do Rei da Bélgica Leopoldo II em se adaptar à nova tecnologia produzida pela Kodak (diga-se por máquinas fotográficas, e as suas fotografias). Assim, este não conseguiu “calar” as fotografias, o que felizmente fez com que o Estado Livre do Congo e a sua população, se liberta-se das atrocidades que a gestão deste Rei causara naquela população.

Num outro exemplo, no início da transição para a 2ª revolução industrial, a aplicação direta de sistemas e soluções elétricos também demonstrou a necessidade de adaptação. A tentativa de aplicação direta da eletricidade nos mesmos modelos de organização e de utilização da maquinaria a vapor, não se tornou viável, tendo existido inúmeros problemas de aplicação e de produtividade. Assim, as organizações que obtiveram os melhores resultados foram as que pensaram novos sistemas de organização e gestão, novos tipos de qualificação em todos os sectores de trabalho e, em alguns casos, algumas alterações na normal organização da própria sociedade local.

Também a transformação digital tem tido as suas “dores de crescimento” e de enquadramento. Níveis de produtividade abaixo do que seria expectável e a ausência de uma boa e saudável adaptação são alguns dos indicadores que o comprovam.

Para mim, cabe assim às instituições e organizações (tanto públicas como privadas), adaptar-se ao desenvolvimento constante destas novas tecnologias e aplicações digitais. Não só para explorar da melhor forma os potenciais destas soluções para os seus negócios e serviços, mas também para melhorar a qualidade de vida dos seus colaboradores e utilizadores, melhorando assim a vida no geral.

Dados os resultados demonstrados pela história, mais tarde ou mais cedo, quem melhor se adaptar a esta transformação, mais e melhores benefícios tirará dela. Por isso, defendo a realização de três etapas gerais. Em primeiro, uma compreensão completa das tecnologias digitais, para que em segunda instância, exista um planeamento estratégico sólido de adaptação destas novas tecnologias. Para que na terceira etapa, tanto a colaboradores como utilizadores finais destas tecnologias, lhes seja permitido ter um período de adaptação saudável a uma nova realidade. A primeira etapa, para mim, é preponderante dado que a evolução tecnológica evolui a um ritmo cada vez mais rápido, é cada vez mais necessário ter uma boa capacidade de interpretação do que estas tecnologias nos podem oferecer e também das suas implicações. A complexidade destas tecnologias é cada vez maior, pelo que a utilização destas necessita de longos períodos de aprendizagem e deve ser de uma utilidade real e completa. É assim necessário que os decisores de uma das ferramentas tecnológicas, tomem as decisões de utilização de forma rápida, mas acima de tudo assertiva.

Existindo uma boa base de conhecimento das tecnologias a implementar, é necessário realizar um enquadramento destas com as atuais estruturas, metodologias e modelos já existentes. É necessário ter a flexibilidade e agilidade estrutural, logística, económica e temporal, para que esta transformação seja enquadrada de forma eficiente e produtiva. Procura-se então atingir uma melhoria dos resultados no produto final, mas também aquando do processo e no bem-estar de todos. Este último ponto, enquadra a terceira etapa relacionada com a integração aos colaboradores e ao utilizador final. Quando as etapas anteriores não são devidamente realizadas, é nesta fase que se verificam as maiores lacunas. Em exemplo, a aplicação das tecnologias digitais sem a formação adequada, com períodos de adaptação insuficientes, com rotinas de trabalho desadequadas ou com incompatibilidade de interligação entre setores e ferramentas de trabalho. Obtendo-se assim problemas como a falta de produtividade, resultados abaixo do expectável e investimentos desadequados.

Em suma, é necessário que instituições e profissionais das áreas de tecnologias digitais, ou que façam uso destas nas suas atividades, implementem diariamente metodologias adequadas e considerem estas três etapas. Assim podem alcançar uma transição, que seja realizada com a melhor eficiência possível, tirando o máximo partido dos benefícios das tecnologias digitais. Irá surgir naturalmente uma responsabilidade coletiva e individual, de ter o máximo conhecimento possível destas tecnologias, para melhor promover a sua implementação e assim fazer com que surjam melhores condições de vida, de trabalho, de saúde, maiores benefícios sociais, ambientais e também económicos.



Este artigo foi escrito por Gil Dias.

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